Magic à Lá Carte - Aniversário

1 de fevereiro de 2011

As criaturas do meu deck são gigantes e obliteram todos os planos de existência quando entram em jogo.

Por que eu perco para o deck de bixinhos do meu amigo?

Isso não tem muito a ver com Magic, mas é engraçado igual. 
  

Em uma galáxia muito, muito distante, não existiam todos os mil sites que existem hoje onde copiamos listas de baralhos completinhos, prontinhos para jogarmos.

Veja, não é que não existiam sites sobre Magic. Eles até existiam, mas eram bem ruinzinhos, e poucos traziam listas diferenciadas: quase todos só mostravam combos mirabolantes, ou traziam listas de decks campeões mundiais recheados de cartas de milhares de dólares. 

Portanto, a gente tinha que inventar os decks, e quase sempre, ao começar a jogar, o que queríamos mesmo era colocar as cartas mais legais e raras que tínhamos em um único deck. Claro, os baralhos ficavam horríveis e nunca ganhamos nada até aprender algumas coisinhas.

A primeira delas, ao menos para mim, foi a seguinte: fazer um deck com as criaturas mais legais, cheias de efeitos, e gigantes é um ótimo caminho para a derrota vez atrás de vez.

Para quem está começando, isso é difícil de entender, claro. Como aquele deck que só tem bixos 1/1 e 2/2 ganha do meu deck com dragões, gigantes, elementais e o Capitão Nascimento?

Ele ganha por causa de um conceito que basicamente revolucionou o modo como jogamos Magic: a chamada curva de mana.

(Para quem não sabe o que é mana, me refiro ao recurso gerado quando você vira um terreno para jogar uma mágica)

Veja bem, quando você passa um turno sem fazer absolutamente nada, dependendo do que o seu oponente fez você pode achar que não está perdendo nada ou que não está ficando para trás no jogo. E é aí que você se engana.

A não ser que você tenha algum plano, como esperar o seu oponente baixar várias criaturas para então matar a todas com um Dia do Julgamento, você perdeu recursos. No caso, mana.
Explico: se você só baixou uma criatura ou uma mágica no turno 5, e em todos os turnos você baixou um terreno desvirado, você perdeu 1 de mana+2 de mana+3 de mana+4 de mana (nos turnos 1, 2, 3 e 4, respectivamente), isto é, você perdeu 10 de mana. 10 de mana é coisa demais.

E aí, mesmo que você baixe seu Gigante Cabeçudo Destruidor de Planetas no 5º turno, e o seu oponente só tenha baixado criaturas 1/1 e 2/2 até o momento, é bem possível que você vá perder o jogo, e isso acontece porque o seu oponente fez um melhor uso da curva de mana. Enquanto você não fazia nada, ele estava baixando criaturas e atacando você. 

Contando que você começou, isto é, saiu em vantagem na curva de mana, faça as contas: se ele tiver baixado no primeiro turno uma criatura 1/1, no segundo turno uma criatura 2/2, no terceiro turno uma criatura 1/1 e outra 2/2, e no quarto turno duas criaturas 2/2, quando chegar no 5º turno dele, ele já vai ter lhe tirado 8 pontos de vida.
Se nenhum de vocês baixar mais nada, contando que você irá defender uma das criaturas 2/2 dele, ao fim do 5º turno de seu oponente, você estará com apenas 4 de vida. E ele ainda terá duas criaturas 1/1 e duas 2/2. 

Isso sem contar a possibilidade de que ele poderia simplesmente usar uma mágica para destruir a sua criatura pica das galáxias!

Conclusão

Você não pode colocar apenas mágicas caras, com efeitos difíceis de serem usados ou mantidos, ou que sejam difíceis de baixar no seu baralho. Se você quer ganhar com aquela criatura gigante ou com uma mágica que possui um efeito muito poderoso, mas que são cartas que irão demorar diversos turnos até poderem ser jogadas, você precisa construir o seu deck para sobreviver até o momento que as jogará e tomará o controle do jogo.

Afinal, não adianta você conseguir baixar o seu Gigante Cabeçudo Destruidor de Planetas como no exemplo acima, e mesmo assim perder. 

Você precisa colocar mágicas e/ou criaturas que possam ser usadas no começo do jogo, seja para atacar o seu oponente ou para se defender das investidas dele até que você possa ter o seu grande turno. 

Lembre: mana não utilizada é mana perdida. Quando você fica um turno sem fazer nada, mesmo que o seu oponente também não faça nada, você perdeu mana, e essa é uma razão tão boa quanto qualquer outra para que você perca o jogo.

 
Augusto Salla
Tenho 23 anos, sou publicitário, gremista, jogo Magic há pelo menos 10 anos, e na minha humilde opinião, Teferi, Acúleo da Força, e Fato ou Ficção são as melhores cartas do Magic.

2 comentários:

  1. Bom ver o Augusto aqui na Arcana novamente, mesmo que de modo virtual. Quando pedi para ele escrever sobre Magic ele atendeu prontamente, e ainda por cima me surpreendeu mando um texto voltado a quem esta começando. Assino em baixo de tudo que ele disse e sempre me alegra ver quando um jogador passa da fase do "vou conjurar o Demo da Cratera para ganhar no 8º turno e passa a pensar no jogo como um todo. Parabéns pelo ótimo texto Augusto, e muito obrigado por sua participação (estamos aguardando o próximo ^^)

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  2. Bom... primeiramente vou dizer que gostei do blog (até o momento, ainda estou lendo), gostei do artigo, acho que ele poderia ser maior, com mais exemplos, quem sabe com mais fotos (eu adoro imagens).

    E eu gosto de artigos voltados para os iniciantes no que diz respeito a teoria do Magic em si, isso é mais raro, eu sempre vejo os artigos muito repetitivos.

    Enfim, pretendo acompanhar o blog e dar uns putacos por aqui, estou gostando.

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